:: Blog

A busca pelo respeito do ser humano em sua diversidade básica.

Data: 21/05/2021
Autor: Martina Catini Trombeta

“Não é que você seja diferente, mas é que ninguém consegue ser igual a você.”  (William Shakespeare)

Ninguém vê o mundo como você, as pessoas não têm seus pensamentos, não sentem o que você sente, e obviamente, agem de forma diferente. 

Agora vamos à frase clássica: “todos têm direito a ser respeitados em sua diversidade básica de ser humano.”

Alguma dúvida quanto a isso? Será que efetivamente respeitamos o outro, ou vivemos uma ilusão de que somos “igualdade de gênero”, porém, na verdade, não somos, e passamos uma vida soltando insights, o tempo todo, permeados de preconceitos!

Aproveitando que no mês de Maio (dia 17) instituiu-se o Dia Internacional contra Homofobia, convido-os a conhecer alguns conceitos, identificar atitudes e, claro, a fazer uma reflexão comportamental em relação a isso.

Homofobia e homofobia institucional

 

Homofobia. É o termo utilizado para designar o ódio, repulsa, aversão, intolerância, medo desproporcional persistente ou até mesmo a prática discriminatória contra homossexuais ou a homossexualidade, como expressão de gênero. 

Na atualidade, distinguem-se as formas de opressão sofridas pelas mulheres lésbicas, sejam como indivíduos, como um casal ou como um grupo social de lesbofobia, contra bissexuais de bifobia e contra travestis e transexuais de transfobia.

Homofobia institucional. São as formas pelas quais as instituições como governo, empresas e organizações educacionais, religiosas e profissionais discriminam pessoas em função de sua orientação sexual ou identidade de gênero presumida.

Padrão de comportamento social

O ser humano recorrente em comportamentos preconceituosos ou discriminatórios tende a ressaltar a importância da orientação sexual das pessoas com quem não há interesse em relacionar-se sexual e afetivamente.

A maior parte das interações sociais das pessoas ocorre nos núcleos familiares e de afinidade, ambiente de trabalho e círculo social de amizades, sendo irrelevante se o outro, claramente falando, gosta de homem, mulher ou dos dois. 

Esse padrão mental e comportamental, de tão recorrente, chega a parecer normal, quando, na verdade, é uma deturpação. De fato, a sociedade foi construída, às avessas, sobre crenças e valores limitantes, que padronizam e estereotipam seres humanos, tendo como reflexo, tais aberrações estruturais.

As aberrações dos padrões de comportamento dos seres humanos violam por completo o mandamento de respeito ao próximo pela criação de um rol de “características” necessárias para ser uma pessoa “normal”.

Quando falamos em padrão comportamental, pensa em quantas vezes você ouviu a seguinte expressão: “Ah, sei, aquele moço gay”, ou então: “nossa, tadinha, tão linda, e casada com mulher”, “a filha de fulano só anda com homosexual, será que ela é também?”, “ai filho, não chama aquele seu amigo bicha hoje, seus avós vem em casa…”

E por aí vai. Essas frases de aberração indiscutível, e sei que você se familiarizou com muitas delas, por ter ouvido várias vezes, ou também, às ter dito com frequência, ao mesmo tempo que se intitula como total respeitadoras da igualdade de gênero, pela licença nada poética do “eu aceito”.

O ponto é que, não há o que aceitar, mas sim “Não” priorizar a orientação sexual do outro nas relações com o mundo, pela simples razão de que isso não faz o menor sentido. A não ser que haja um interesse em afetividade e sexo, e ai o foco é outro, e nem vem ao caso, pois o interesse, a conquista e o sexo não fazem parte do assunto em pauta.

Eficácia das leis de proteção e educação social

A criação das leis de proteção é um mandamento global nos dias de hoje. Mas podem ser criadas tantas leis quantas forem possíveis para a proteção à diversidade de gênero e defesa dos direitos, sendo que, inclusive nesse sentido a ONU emitiu no último dia 17 de maio “A recomendação aos governos de todo o mundo é para que adotem leis protegendo direitos, respeitando a diversidade de gênero, e permitindo que essas pessoas alcancem todos os seus potenciais.”

Mas no mesmo pronunciamento, os especialistas da referida Organização destacaram a importância de um ambiente familiar que apoie os transgêneros, ou seja, o apoio às pessoas que não se identificam com seu gênero de nascimento.

De fato, chega-se ao ponto crucial dessa “conversa”, pois a evolução para um padrão comportamental de respeito é, senão o único, pelo menos o caminho mais assertivo para combater a mesquinhez do ser humano em se achar melhor, mais evoluído, sóbrio, diferente ou qualquer outro adjetivo de superioridade que seja possível, em relação a orientação do outro.

A base é o ambiente familiar, com o poder da educação em um papel crucial para criar um ambiente seguro, saudável, construtivo e com valores sólidos de amor e respeito.

Em muitas famílias, as crianças e adolescentes que tenham ou não orientação sexual distinta de seu sexo biológico, ou se interessam por ambos, crescem ouvindo apontamentos e posturas discriminatórias em relação a pessoas com orientações sexuais diversas, a exemplo das frases acima. 

Pois bem, o que esperar de uma sociedade que será povoada , governada e gerida por pessoas que começam suas vidas com tais bases avessas, assistindo e vivendo um padrão falho de comportamento “modelo”? 

Homofobia, seja ela no dia a dia ou institucional, é o reflexo da imaturidade, despreparo mental e valores invertidos de pessoas sem escrúpulos que não entendem nada sobre respeito ao outro ser humano! 

A sua atitude de abertura para essa diversidade vai determinar o ser humano de verdade e com comportamentos adequados ao respeito almejado.